Se tem uma coisa que aprendi ao longo dos anos, é que café não é tudo igual. Pode até parecer quando a gente compra aquele pacote no mercado sem pensar muito, mas a verdade é que existem muitas diferenças entre um café e outro. Já percebeu que alguns são mais amargos, outros mais suaves, alguns mais encorpados e outros até com um leve toque frutado? Isso não acontece por acaso.
Resolvi me aprofundar nesse assunto e fui atrás de entender melhor como os cafés são classificados. Assisti a vídeos, li materiais especializados e até conversei com algumas pessoas que trabalham na área. O que descobri foi um universo de detalhes que fazem toda a diferença no sabor e na qualidade do café que chega até a nossa xícara.
Se você também quer aprender a reconhecer um bom café e entender por que algumas xícaras parecem muito melhores que outras, vem comigo nessa jornada.

O Que Define a Qualidade de um Café?
Antes de entrar nas classificações, é importante entender o que faz um café ser considerado bom ou ruim. Diferente do que muita gente pensa, não é só o sabor que conta. Existem critérios técnicos que vão desde o tipo de grão até a forma como ele é colhido e processado.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) e a Specialty Coffee Association (SCA), que são referências no assunto, a qualidade de um café depende de fatores como:
- Tipo da planta (arábica ou robusta)
- Processo de colheita (manual ou mecanizado)
- Método de secagem dos grãos
- Presença de defeitos no grão
- Notas sensoriais (acidez, corpo, doçura, aroma)
Esses critérios são usados para classificar o café e definir se ele será um café comum de mercado ou um café especial digno de competições internacionais.
Os Tipos de Café Segundo a ABIC
Aqui no Brasil, a ABIC é a principal referência quando falamos em classificação de cafés. A instituição criou um sistema de categorização que ajuda a diferenciar os cafés encontrados no mercado. Basicamente, eles são divididos em quatro tipos:
1. Café Tradicional
É aquele café mais básico, que a gente encontra na maioria dos supermercados. Normalmente tem uma torra mais escura e um sabor mais forte e amargo. Muitos desses cafés são feitos com grãos que possuem pequenos defeitos e podem conter uma mistura de arábica e robusta.
Se você já tomou aquele café bem forte e meio “raspando” na garganta, provavelmente era um café tradicional.
2. Café Superior
Um degrau acima do tradicional, esse café já passa por uma seleção um pouco mais criteriosa e tem menos impurezas. Ele costuma ter um sabor mais equilibrado e uma torra que preserva um pouco mais as características originais do grão.
Se você gosta de um café mais suave, mas ainda assim acessível, os cafés superiores podem ser uma boa escolha.
3. Café Gourmet
Aqui começamos a entrar no território dos cafés de qualidade mais alta. Os cafés gourmet são feitos com grãos arábica selecionados, sem defeitos, e geralmente possuem notas sensoriais mais complexas. É aquele tipo de café que, quando você toma sem açúcar, percebe sabores mais suaves e agradáveis.
Muita gente acha que café sem açúcar é amargo, mas um bom café gourmet tem doçura natural e pode até ter notas de chocolate ou frutas, dependendo da origem dos grãos.
4. Café Especial
Esse é o topo da pirâmide. Os cafés especiais passam por uma avaliação rigorosa e precisam atingir uma pontuação mínima de 80 pontos na escala da SCA. Eles são produzidos de forma cuidadosa, muitas vezes em fazendas menores que focam na qualidade acima da quantidade.
Os cafés especiais podem ter sabores e aromas muito variados, desde notas florais até frutas tropicais, dependendo da região e do método de processamento. Se você já entrou em uma cafeteria especializada e viu opções como “café de fermentação natural” ou “processado por via úmida”, provavelmente estava diante de um café especial.
O vídeo “Entenda definitivamente as classificações dos cafés” explica de maneira muito clara como funciona essa pontuação e quais são os critérios técnicos avaliados.
Classificação dos Grãos Segundo a BSCA
A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) segue uma classificação que foca mais nos grãos em si. Basicamente, ela avalia dois fatores principais:
1. Classificação por Tipo
Os grãos são analisados quanto à presença de defeitos. Quanto menos defeitos, maior a qualidade do café. Os grãos tipo 2, por exemplo, são considerados de alta qualidade porque possuem pouquíssimos defeitos. Já os grãos tipo 7 têm muitos defeitos e são usados em cafés mais baratos.
2. Classificação por Bebida
Aqui, os especialistas avaliam o sabor do café. Ele pode ser classificado como:
- Estritamente mole: Café extremamente equilibrado, suave e aromático.
- Mole: Café levemente ácido, com bom aroma.
- Duro: Café um pouco mais áspero, comum em cafés tradicionais.
- Rio e Rio Zona: Café com sabor muito forte e defeitos marcantes.
Se você quer um café de alta qualidade, o ideal é buscar aqueles classificados como “estritamente mole” ou “mole”, que são os mais valorizados.
Para entender melhor as diferenças entre os tipos de grãos, vale conferir o artigo “Classificação do Café: os 6 tipos de grãos e suas características”, que detalha cada uma dessas categorias.
Como Escolher um Bom Café?
Depois de aprender tudo isso, passei a prestar mais atenção nos cafés que compro. Algumas dicas que podem ajudar na escolha:
- Olhe o rótulo: Cafés gourmet e especiais costumam trazer informações detalhadas sobre a origem dos grãos, torra e notas sensoriais.
- Prefira cafés 100% arábica: Eles costumam ser mais suaves e equilibrados.
- Evite cafés com torra muito escura: Quanto mais escuro o café, maior a chance de ele ter perdido suas características naturais.
- Experimente sem açúcar: Um bom café não precisa de açúcar para ser agradável.
- Dê preferência a cafés de moagem média ou em grãos: Assim você preserva melhor os aromas e sabores.
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Café é Muito Mais do Que Apenas Café
Aprender sobre as classificações do café me fez perceber que essa bebida vai muito além do que costumamos imaginar. Não é só sobre cafeína ou sobre o hábito de tomar uma xícara pela manhã. É um universo cheio de detalhes que impactam diretamente na experiência de quem aprecia um bom café.
Se antes eu comprava qualquer pacote no mercado sem pensar muito, hoje dou preferência a cafés com melhor qualidade e tento explorar diferentes tipos. Vale muito a pena experimentar cafés gourmet e especiais para entender as diferenças e encontrar aquele que combina mais com seu paladar.
E você, já parou para reparar na qualidade do café que bebe todos os dias? Qual seu tipo preferido?